terça-feira, abril 17, 2007


Existem coisas que fazem nossa cabeça por alguns segundos.
Outras vão comendo nossos pensamentos pelas beiradas por um longo tempo.
Cheguei à conclusão de que não temos como evitar esse vai e vem.
Na pior (ou melhor) das hipóteses, a gente muda.

sexta-feira, abril 13, 2007

CABO

Cabo da BOA ESPERANÇA ou das TORMENTAS?
Tudo é relativo?
O Einstein é que era esperto.


O TREM - mensagem de aniversário

*7/4/2007*

Certa vez ouvi dizer que os anos passam pela gente como um verdadeiro trem de carga.
Hoje, ao comemorar meu aniversário antes da data em que ele realmente deve ocorrer, vejo-me forçada a discordar de tal afirmação. Não seria a vida por si só um trem de carga?
Passamos de estação em estação, conhecemos novos rostos, experimentamos novas sensações, quebramos a cara em um local diferente, ganhamos uns arranhões, uns carinhos, ouvimos estas ou aquelas palavras que sentimos que nos marcarão para sempre, adoramos a banda e/ou a música do momento, mudamos o visual,e às vezes até chegamos a levantar bandeiras.
Mas aí chega a hora de entrar no trem de novo. E agora? A bandeira não cabe, as malas estão muito cheias, dá vontade de não partir. O nó na garganta mistura-se à indignação quando o periquito na gaiola do fulano ao seu lado começa a testar os seus nervos. Entramos mesmo assim, meio desengonçados, sem saber ao certo qual será a próxima estação.
Durante a viagem, muitas vezes vamos nos desvencilhando do “peso” adquirido na estação anterior, e o mais impressionante é que vez por outra fazemos isso sem perceber. Afinal, cá entre nós, a viagem é longa, o conforto fala mais alto.
Então chega a hora de parar em outra estação, e as histórias muitas vezes se repetem. Mais revolta, vontade de mudar o mundo (o Greenpeace tem mais uma chance de ganhar muitos membros), mais bandeiras, mais calos, muitos outros tantos tapas na cara (alguns bem merecidos), e por aí vai. E vem novamente a hora de entrar no trem. É um tal de: pega, enche, fecha a mala, abraça, chora, sorri, abaixa, pensa, puxa, corre, grita, silencia...nem todo mundo agüenta. Muitos ficam pelo caminho pensando que podem permanecer para sempre naquela estação. Ingênuos, não percebem que estão perdendo tempo e que o trem chega sempre e, mais cedo ou mais tarde embarcamos nele. Só que ele é danado, vira trem fantasma, nos assusta e nos pega sem que a gente se dê conta às vezes. Muitos de nós só percebemos a mudança de estação quando já é hora de partir novamente.
Durante a viagem, por inúmeras vezes nos perguntamos o destino do trem. Ninguém se lembrou de perguntar quando entrou, e espere, quando foi mesmo que entramos nele pela primeira vez? Silêncio. Alguns passageiros cochicham e contam histórias sobre o último que tentou descobrir o destino da locomotiva. Olhos espantados vislumbram um certo terror misturado com compaixão: “Pobrezinho, tão jovem”. Muitos outros passageiros decidem destruir o meio de transporte em sinal de protesto. Com suas faixas de “morte ao trem” eles acabam com tudo o que vêem pela frente. São tantos traumas e frustrações, cada um escolhe sua forma de lidar com elas. É uma pena não perceberem que estão apagando a chama de recuperação que queima dentro deles mesmos.
E no meio disso tudo, estou eu, sentada no banco da janela tentando dar uma de psicóloga com a moça ao lado que não pára de chorar. Terminou com o namorado e agora se arrepende. Da última vez, era um velhinho que perdeu o filho antes de sua viagem terminar. As histórias se repetem tanto, e soam tão familiares, é de arrepiar.
Tenho a sensação de que vou descer do trem logo, às vezes vem assim mesmo, como um friozinho na barriga e uma euforia na espinha. Consigo ver alguns amigos (estão com cara de importantes, mas não perderam o sorriso juvenil), parentes (Olha minha vó lá de novo!, e o pai com cara de bravo, nossa como minha irmã cresceu, e minha mãe fica cada vez mais bonita...danadinha vaidosa!, a primaiada também apareceu com os tios sarristas prontos para o próximo churrasco) e até aquele namorado (caramba, não é que ele tem cumprido a promessa de me acompanhar? E ainda traz as pentelhas das irmãs, haha!) me esperando na estação. Como é bom quando eles reaparecem! Alguns deles a gente tenta rever, mas dá tanto trabalho que desistimos...mas esses aí, ah, malandros! Eles não me deixam em paz! É por isso que vou tratar de viver bem esse tequinho de vida que tenho com eles, sem pensar no horário do próximo trem. É difícil, admito, mas aos trancos e barrancos vamos entendendo.
Para falar a verdade, creio que depois de um tempo enxergando a vida como esse trem de carga, começamos a entender que o destino somos nós que traçamos, e que as estações aparecem de acordo com as escolhas que fazemos. Você acredita nisso? É, estou ficando meio estranha com o passar dos anos, deve ser influência desses alunos que me atormentam todos os dias. Ainda assim, sinto que tenho muito a plantar pelas estações afora e, se vocês aí quiserem me ajudar, uma enxada a mais é sempre bem vinda! Será um prazer revê-los novamente na próxima estação!
Obrigada amigos, e lembrem-se SEMPRE AVANTE!